Participantes do último encontro do 1° Ciclo de Apresentação de Pesquisas

Foto: Milena Castro/Funasa

Na última quarta-feira (3/11), a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), por meio do Departamento de Saúde Ambiental (Desam), realizou o oitavo encontro do 1° Ciclo de Apresentação de Pesquisas Apoiadas pela Funasa. Esta última etapa do ciclo contou com a participação do professor Dr. Sergio Francisco de Aquino, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), que apresentou os resultados da pesquisa "Avaliação da presença de fármacos e desreguladores endócrinos (DE) em águas para consumo humano e mananciais de abastecimento".

O evento foi conduzido pelo coordenador de Projetos, Pesquisas e Ações Estratégicas em Saúde Ambiental (Copae), Marcelo Lelis, e ocorreu em formato virtual para possibilitar a participação de todos os servidores e colaboradores da instituição. Além disso, a reunião teve como debatedor o farmacêutico e bioquímico da Superintendência Estadual da Funasa em Pernambuco (Suest/PE), Osman de Oliveira.

A pesquisa financiada pela Funasa, por meio do Termo de Execução Descentralizada (TED) n° 10/2014, contou com a parceria de outras universidades federais e de prestadores de serviços de saneamento básico. No estudo, foi monitorada a presença de antibióticos, anti-inflamatórios, analgésicos, corticoides, outros tipos de fármacos e DE em níveis variados, dependendo da época do ano e região. "Existem fármacos na água e os resultados não são para alarde. Porém, é necessário o monitoramento intenso desses compostos. Os resultados podem subsidiar as vigilâncias, exigindo um monitoramento de substâncias especificas e mais direcionado", pontuou Sergio Francisco.

De acordo com o professor, a variedade de Estações de Tratamento de Água (ETA) analisadas foi fundamental para o êxito do projeto e condiz com a capilaridade da fundação para análise de água. "Foram recolhidas 1.200 amostras de 13 sistemas localizados nas cinco regiões do Brasil, incluindo ETAs de pequeno, médio e grande porte. Assim, pudemos verificar a qualidade da água e a presença de contaminantes, considerando diferentes pontos de coleta, tecnologias de tratamento, tipos de manancial e regiões. A questão é `Quais substâncias chegam nas torneiras dos brasileiros e em que concentrações'", afirmou.

A partir deste questionamento o projeto foi desenvolvido, formando uma rede de pesquisa - com treinamento e capacitação de profissionais -; possibilitando a manutenção de infraestrutura multiusuária da universidade e publicação; e divulgando os resultados por meio de periódicos, eventos e reuniões, subsidiando as vigilâncias estaduais.

Ainda, a pesquisa contribuiu para formulação da Portaria GM/MS nº 888, de 4 de maio de 2021, que trata sobre os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, considerando também os resultados desenvolvidos pela pesquisa. "Cada detalhe que a pesquisa trouxe foi transformado em documento de referência para a Portaria que regulamenta a potabilidade da água. De fato, esse tipo de iniciativa da Funasa, quando muito bem-sucedida, precisa ser continuada. O impacto é muito maior do que todos nós podemos pensar. Um financiamento como esse contribui para as futuras gerações", disse Thais Cavendish, coordenadora-geral de Vigilância em Saúde Ambiental do MS.

Edital para financiamento de pesquisas

Este projeto exemplifica qual foi o propósito do 1° Ciclo, priorizando a divulgação de resultados e o compartilhamento de ideias. A realização desse ciclo também contribuiu para a formulação do Edital de Chamamento Público nº 03/2021, que busca selecionar projetos de instituições de ensino e pesquisa para produção de soluções técnicas, econômica e ambientalmente sustentáveis no campo da saúde ambiental e saneamento.

Dessa forma, o incentivo à realização de pesquisas terá continuidade, buscando a aplicabilidade dos resultados de forma prática, como afirma o coordenador da Copae, Marcelo Lelis. "O foco deste novo Edital está na realização de pesquisas que sejam voltadas a proposição de soluções, medidas e ações que contribuam para o cumprimento da missão institucional da Funasa, com vistas a se obter resultados com efetiva aplicabilidade prática. Realizar essa aproximação entre a Academia e a fundação é de extrema importância, permitindo uma maior conexão com as demandas da sociedade, que enfrenta enormes déficits no atendimento dos serviços de saneamento básico. Objetivamos, assim, construir parcerias sólidas, produtivas e que possam contribuir efetivamente para o aprimoramento do trabalho da Funasa", pontuou.