Voltar

Funasa presta apoio no controle de qualidade da água nas comunidades quilombolas de Capela e Rio Preto

Funasa presta apoio no controle de qualidade da água nas comunidades quilombolas de Capela e Rio Preto

Devido às fortes chuvas em Cavalcante/GO, município solicitou apoio à Suest/GO para atendimentos na região
Por Coordenação de Comunicação

Publicação: Qua, 08 Jun 2022 18:40:08 -0300

Última modificação: Qua, 08 Jun 2022 18:47:11 -0300

Técnico da Funasa vistoriando reservatório de Capela

Foto: Suest-GO/Funasa

Em fevereiro, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) finalizou um relatório técnico com o levantamento das atividades de apoio ao controle de qualidade da água nas comunidades quilombolas de Capela e Rio Preto, no município de Cavalcante/GO. O documento demonstra os resultados das análises físico-químicas e microbiológicas da água após as fortes chuvas que atingiram as localidades, realizadas para diminuir as doenças e agravos à saúde humana e o risco de novos desastres.

Para o cumprimento das ações, membros da Superintendência Estadual da Funasa em Goiás (Suest/GO) apresentaram e definiram os detalhes da atuação à Secretaria Municipal de Saúde e o gabinete da prefeitura. A partir das discussões, técnicos se deslocaram até o povoado, entre dias 21 e 24/2, para iniciar os serviços necessários de coleta e as análises físico-químicas e microbiológicas.

Segundo a microscopista da Seção de Segurança e Qualidade da Água para Consumo Humano (Saqua), Maria Silva, em sua primeira visita às localidades foi perceptível a necessidade do reforço aos cuidados nas regiões afetadas. "Essa foi a primeira vez que fui nessas áreas e percebi que são povoados bem pequenos e carentes. Minha percepção é de que eles precisam de reforço na área da educação em saúde para ajudar a conscientizar a população residente lá", afirmou.

Situação do sistema de abastecimento de água local

Para atender os lugares atingidos há apenas um sistema de abastecimento de água com manancial subterrâneo, localizado em Capela. Não falta água, mas o que é destinado aos moradores não recebe nenhum tipo de tratamento. Além disso, o reservatório apresenta muita sujeira - vegetação ao redor - e desgaste causado pela ferrugem.

"A adutora inteira foi construída em tubulações de ferro e nunca recebeu nenhuma manutenção. Portanto, a água chega no reservatório contaminada pela ferrugem. Pelas manhãs, a primeira água do dia sai barrenta das torneiras, com coloração marrom-avermelhada e gosto de ferro. Todo o sistema foi instalado em 2000 e nunca foi feita uma limpeza ou qualquer outro tipo de manutenção. Quase todos os ramais estão entupidos", explicou o agente comunitário, Aldemar Santos, sobre a situação vivenciada pelos habitantes. 

No poço, os técnicos da fundação encontraram, ainda, várias irregularidades, como o risco de choque elétrico, já que ele não está em um local isolado. Os perigos aos oferecido aos moradores que transitam na área é constante, pois uma parte da fiação da rede elétrica, que leva energia à bomba, encontra-se descoberta e exposta no chão.

Resultados das análises

De acordo com os resultados dos testes realizados, foram detectadas bactérias do grupo coliforme - que estão presentes tanto no intestino humano, quanto nos animais de sangue quente. Além disso, foi constatado que, em climas tropicais, os coliformes apresentam capacidade de se multiplicar na água. Portanto, a presença das bactérias na água, após o tratamento, é um indicativo da ineficiência do processo de desinfecção utilizado, de problemas com recontaminação na rede de distribuição ou da presença de nutrientes em excesso.

Em relação aos parâmetros físico-químicos, das quatro amostras coletadas em Capela, duas deram alterações na cor aparente em relação ao parâmetro de turbidez. Quanto aos microbiológicos, duas amostras foram positivas para Coliformes Totais (C. Totais) e nenhuma positiva para Escherichia coli (E.coli), indicando que há deficiência no tratamento da água, mas não há contaminação fecal.

Já em Rio Preto, a partir dos testes feitos na primeira amostra, os parâmetros de cor e turbidez estavam elevados e, na segunda, apenas a turbidez estava elevada. Se tratando de coliforme, o resultado foi positivo para C. Total e E. coli, indicando a deficiência no tratamento de água e contaminação fecal.

Recomendações 

Em ambos os lugares foram constatados a ausência de dano no abastecimento de água ocasionado pelas chuvas. Porém, a água que a população consome não cumpre o padrão de potabilidade e os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS). 

Para amenizar este impacto, os integrantes da Funasa repassaram orientações técnicas e educacionais aos moradores referentes à segurança da água, a partir dos resultados obtidos. "Medidas como a utilização de filtros de barro, ferver a água e lavagem correta de filtros colaboram muito. Também aconselhamos a limpeza de poços e reservatórios e que evitem a criação de animais próximos aos poços e reservatórios", afirmou Salomão Alves Moreira, chefe da Saqua.