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Funasa realiza "Expedição Consórcio Nascentes do Pantanal" no Mato Grosso

Funasa realiza "Expedição Consórcio Nascentes do Pantanal" no Mato Grosso

Suest/MT acompanha a jornada de quem trabalha com resíduos sólidos em municípios matogrossenses e tem a oportunidade de ouvir alguns catadores, que tiveram suas vidas transformadas pela ação da Fundação
Por Coordenação de Comunicação

Publicação: Ter, 20 Dez 2022 11:33:59 -0300

Última modificação: Ter, 20 Dez 2022 15:26:35 -0300

Foto: Divulgação/Suest-MT/Funasa

A Superintendência Estadual em Mato Grosso (Suest/MG), realizou uma expedição entre os dias 30/11 e 02/12, nos municípios que fazem parte do consórcio do complexo das nascentes do pantanal, realizada após a "Reunião Estratégica, fase 2". Estiveram presentes na excursão uma equipe de 20 técnicos e autoridades municipais de saúde, educação e ação social, que conheceram associações de catadores de resíduos. 

O objetivo da visita foi proporcionar aos técnicos dos outros estados da federação, a experiência exitosa de Mato Grosso, fomentada pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Fez parte da programação a visita ao aterro sanitário, localizado na cidade de São José dos Quatro Marcos (310 km distante da capital); a entrega de sacolas de ráfia (fibra têxtil de palmeiras) aos moradores de Cáceres, que passam a separar os materiais recicláveis do lixo comum e, visitas técnicas às associações de catadores de resíduos sólidos em 6 municípios.

O agrônomo, Esvánio Édipo, que é coordenador ambiental do Consórcio das Nascentes do Pantanal, explicou que o aterro sanitário proporcionou o fechamento dos lixões a céu aberto, trazendo uma mudança radical que facilitou o destino final dos resíduos, inclusive, permitindo aos pequenos municípios realizar o serviço de coleta e destinação correta dos rejeitos, sem contar o avanço na inclusão social dos catadores. "Pessoas que estavam numa condição totalmente insalubre e hoje têm dignidade de trabalho dentro das associações. Isso promoveu a geração de emprego e renda na região. O consórcio preza muito pela qualidade de vida do catador, damos todo o suporte, inclusive, com equipamentos de segurança".

Mesmo com as diferenças populacionais é importante destacar que as associações têm conseguido processar uma média de 30 a 40% dos materiais recicláveis, como papelão, plástico e ferragens.

Lixo que traz dignidade e gera renda

Segundo a Associação Brasileiras das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o índice de reciclagem no Brasil atinge apenas 4% do material disponível. A entidade, que publica anualmente levantamentos do setor, mostrou que, em 2021, boa parte dos resíduos sequer é recolhido: 1 em cada 12 brasileiros não têm coleta de lixo na porta de casa, o que representa 16,5 milhões de pessoas, mesmo que nos últimos dois anos a geração de resíduos sólidos nos domicílios cresceu, com média de 1,07 kg por habitante/dia.

Dentro das cidades visitadas, 41 catadores trabalham atualmente nas associações ligadas ao Consórcio. Eles possuem seguridade social e uma renda mensal que, a depender da produção, atinge R$ 2 mil. Uma mudança enorme na vida dessas pessoas, que antes viviam dentro dos lixões e eram estigmatizadas, sem as mínimas condições dignas de trabalho. Uma dessas pessoas é Jair Teixeira, de 62 anos, que atuava como gari há 8 anos, mas teve um problema cardíaco e não pôde mais trabalhar na rua. Agora, Jair faz parte da associação de catadores de Aripuanã e sente a mudança. "Lá era muito sofrido e corrido. Aqui a gente trabalha e não precisa correr, não pega sol quente e chuva, tem a proteção do barracão e o convívio nosso é muito bom".

Inspiração que transcende fronteiras

O trabalho tem sido tão importante que tem inspirado outros gestores da Funasa. É o caso do superintendente estadual da Funasa em Santa Catarina, Adilson Quandt, que participou de parte das visitas. Ele comentou a surpresa diante do trabalho desenvolvido no interior de Mato Grosso. "Fiquei impressionado com o tamanho do trabalho, pois, são 14 municípios e, em Santa Catarina, ainda estamos engatinhando nesta parte. Estou levando uma experiência grande para lá e, com certeza, será muito proveitosa. Destaco como exemplo as sacolas de ráfia (fibra têxtil de palmeiras), que com a educação ambiental, têm dado muito certo", ressaltou.

O engenheiro ambiental, Tito Carls, que é pesquisador em Saneamento Ecológico do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina-OTSS/ Fiocruz, veio do Rio de Janeiro e ouviu muitos depoimentos emocionantes. "Para mim, o destaque é para a organização dos catadores e, sem dúvida, o que mais me impactou foi ver como um saneamento bem pensado e organizado é capaz de mudar a vida das pessoas. É de uma importância gigantesca não só para a vida dos catadores, mas, para o meio ambiente em geral, pois é um serviço essencial para toda a população", frisou o pesquisador.

A servidora Rita Soares Pinheiro Sombra, da Divisão de Saúde Ambiental da Funasa, no Ceará, parabenizou o consórcio e a Suest/MT. "Foi uma honra poder fazer parte desta expedição. Podemos constatar um resultado muito positivo na questão ambiental, mudanças de comportamentos na população e ainda a inclusão social, um dos papeis que cabe à Funasa".