Voltar

Terceiro encontro do 1° Ciclo de Apresentação de Pesquisas: Saneamento sustentável por meio de Wetlands

Terceiro encontro do 1° Ciclo de Apresentação de Pesquisas: Saneamento sustentável por meio de Wetlands

Mesa virtual abordou resultados de pesquisas, realizadas por meio de uma parceria entre a Funasa e a UFABC, que avaliou a performance de sistemas de tratamento de efluente sanitário
Por Coordenação de Comunicação

Publicação: Ter, 01 Jun 2021 17:01:27 -0300

Última modificação: Ter, 01 Jun 2021 17:03:57 -0300

Coordenador da Copae, Marcelo Lelis, durante a reunião virtual

Foto: Lucca Decia/Funasa

Na última quarta-feira (26/5), foi realizado o terceiro encontro do 1º Ciclo de Apresentação de Pesquisas Apoiadas pela Funasa, promovido pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), por meio do Departamento de Saúde Ambiental (Desam). O evento virtual tratou do projeto de pesquisa e extensão denominado: "Desempenho de sistemas de tratamento de efluente sanitário por leito de macrófitas aquáticas emergentes para remoção de poluentes e reaproveitamento de nutrientes: Contribuições para o aprimoramento do uso e disseminação da tecnologia Sistremae", coordenado pela professora Dra. Roseli Frederigi Benassi, da Universidade Federal do ABC (UFABC), que explicou aos servidores e convidados os resultados do projeto.

A palestra também contou com a participação de Deborah Silva Figueiredo Roberto, diretora do Desam; Marcelo Lelis, da Coordenação de Projetos, Pesquisas e Ações Estratégicas em Saúde Ambiental (Copae/Desam), como mediador, Adam Douglas, engenheiro ambiental da Superintendência Estadual da Funasa em São Paulo (Suest/SP), como debatedor, além de servidores e convidados.

O projeto teve vigência de novembro de 2014 e até março de 2018, por meio de um Termo de Execução Descentralizada (TED) firmado com a Funasa, com objetivo de avaliar o desempenho de sistemas de tratamento de efluente sanitário por leito de macrófitas aquáticas emergentes para remoção de poluentes e reaproveitamento de nutrientes. Essa Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) experimental foi implementada no município de Arujá, em São Paulo, com apoio da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

A ETE é composta por Wetlands Construídas (WC), que são alagados artificiais desenvolvidos para utilizar processos característicos de alagados naturais, que possuem a capacidade de tratar águas residuais.  No projeto foram constituídos tanques com dimensão de 2,4 m x 1,0 m x 0,7 m (0,5 m alagado), e plantas aquáticas, como taboa e junco, que convertem os efluentes em compostos orgânicos, por meio de transformações físicas e químicas, utilizando a própria natureza.

Segundo a pesquisa, foram identificadas vantagens de alta eficiência na remoção de poluentes; baixos custos de implementação e operação; baixo consumo de energia; simplicidade operacional e de manutenção; possibilidade da utilização da biomassa vegetal; e maior integração com o ambiente natural. "Pensar em saneamento e sustentabilidade é um desafio. Uma das formas, seria trabalhar com estações descentralizadas de tratamento de esgoto, utilizando macrófitas, ou seja, plantas aquáticas, tratando-o próximo ao local onde é gerado, como nesse tipo de sistema", afirmou a professora Dra. Roseli Frederigi Benassi, coordenadora do projeto.

Assim, é importante ressaltar que para manter tais benefícios na execução dos sistemas e tornar a implementação viável, é necessário pensar no conceito de saúde única, ou seja, pensar na complementaridade da saúde ambiental, saúde animal e saúde humana. Desse modo, Adam Douglas, engenheiro ambiental da Suest/SP, afirma que o sistema pode ser utilizado pela fundação, desde que exista manutenção adequada e capacitação. "As wetlands são alternativas excelentes para levar para os pequenos municípios, são reproduções de sistemas naturais de tratamento. É importante conhecer muito bem a espécie que será utilizada no sistema, para adaptar para a região, de acordo com o clima e características do local. O grande problema não é só a manutenção em si, mas a técnica. Instalar o sistema é simples, porém o conhecimento, a manutenção e o manejo das macrófitas precisa ser feito de maneira regrada, pois são bioacumuladoras. Para evitar a eutrofização é necessário esse cuidado", explicou Adam Douglas.

De acordo com a professora Dra. Roseli Frederigi Benassi, a indicação é que a manutenção seja feita regularmente, com a poda das plantas de 15 em 15 dias, e que em certos períodos o sistema seja parado, para que o nível de eficiência de remoção seja mantido. "Mesmo que a manutenção seja mais simples do que em um ETE comum, é primordial que seja feita para não desencadear outros problemas ou doenças", afirma a professora Dra. Roseli Frederigi Benassi.

Um dos desdobramentos desse projeto de pesquisa e extensão é o documento intitulado de "Manual de sistemas de wetlands construídas para o tratamento de esgotos sanitários: implantação, operação e manutenção", financiado pela Funasa e publicado em 2018, para acessar clique aqui. O engenheiro ambiental da Suest/SP, Adam Douglas, destacou a importância da Funasa para que as pesquisas cheguem à população. "Existem muitos resultados que podem ser implementados. Não só na prática, mas na difusão de conhecimento, para que chegue aos municípios. A Funasa busca a atuação não só de repasse, mas de apoio técnico aos municípios", disse Adam Douglas.

O coordenador da Copae, Marcelo Lelis, reforçou a importância de uma maior integração entre o meio acadêmico e os órgãos que atuam na gestão de políticas públicas. "Percebemos, cada vez mais, a necessidade do desenvolvimento de estudos e pesquisas com potencial de aplicabilidade prática de seus resultados. Os gestores públicos podem contribuir para uma maior aproximação entre a academia e a sociedade, por meio do fomento de iniciativas mais alinhadas às demandas da população, na expectativa de que possam trazer melhorias à qualidade de vida das pessoas", pontuou Marcelo Lelis.

O IV Encontro do 1° Ciclo de Apresentação de Pesquisas está previsto para ocorrer no dia 24 de junho.