Especialistas debatem desafios e soluções no 33º Congresso da ABES
Especialistas debatem desafios e soluções no 33º Congresso da ABES
Publicação: Qua, 04 Jun 2025 09:51:18 -0300
Última modificação: Sex, 06 Jun 2025 16:00:28 -0300
Diretor do Densp detalhou as ações e o papel da Fundação Nacional de Saúde na execução de políticas públicas em saneamento e saúde ambiental, bem como na condução do Plano Nacional de Saneamento Rural (PNSR)
Foto: Edmar Chaperman/Funasa
Brasília, DF - A Câmara Temática de Saúde Ambiental da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) reuniu, na última quarta-feira (28), em Brasília, renomados especialistas para um debate aprofundado sobre os desafios e o futuro da saúde ambiental no Brasil. O evento, que contou com a participação de representantes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), destacou a importância de ações integradas para promover o bem-estar e a qualidade de vida da população.
A sessão foi um marco para a discussão de políticas públicas e estratégias de intervenção em áreas cruciais como água, saneamento, higiene, ambiente de trabalho e a relação entre saúde e meio ambiente. Os palestrantes abordaram diferentes perspectivas e experiências, enriquecendo o diálogo e apontando caminhos para o avanço do setor.
José Antônio da Motta Ribeiro, diretor do Departamento de Engenharia de Saúde Pública (Densp) da Funasa, detalhou as ações e o papel da Fundação Nacional de Saúde na execução de políticas públicas em saneamento e saúde ambiental, bem como na condução do Plano Nacional de Saneamento Rural (PNSR).
"Peço a vocês que tenham a curiosidade de ver o documento no site da Funasa. Ele foi elaborado com uma proposta muito sólida, desdobrando-se em três eixos fundamentais: ações estruturais, ações de gestão e ações de participação e controle social. O material inclui metas claras a serem cumpridas, aponta as necessidades de investimento e descreve os grandes desafios que temos pela frente, tudo isso com o envolvimento direto da Funasa".
O diretor do Densp fez uma relação direta entre o investimento em saneamento e o aumento da expectativa de vida dos brasileiros em áreas vulneráveis.
"Saneamento é um direito de todos. Os investimentos em saneamento geram benefícios e está bem documentado como eles reduzem as doenças. Dentro do país, podemos observar que, onde há aumento da cobertura de saneamento, há também um aumento da expectativa de vida e da vida produtiva da população. Esses são impactos positivos".
Em seguida, ele ressaltou o impacto das catástrofes naturais que afetam a oferta de água potável em regiões distintas deste Brasil continental.
"Observamos as emergências climáticas e os eventos extremos que, no ano passado, impactaram diretamente o Brasil. Tivemos as enchentes no Rio Grande do Sul, que afetaram as estruturas de saneamento, destruíram instalações físicas e causaram paralisações no sistema. Quem não tinha acesso à água potável passou a consumir qualquer tipo de água, sem garantia de qualidade. Soubemos que vários prédios passaram a consumir água de suas piscinas durante o período da crise hídrica no estado. Na Amazônia, por outro lado, tivemos a seca, com pessoas transportando vasilhames de água por longas distâncias nas calhas dos rios, o que gerou um impacto muito grande".
Saneamento como Desenvolvimento Social
André Luiz Dutra Fenner, coordenador do Programa de Promoção da Saúde, Ambiente e Trabalho (PSAT) da Fiocruz, compartilhou as pesquisas e iniciativas da fundação para a promoção da saúde em ambientes de trabalho. Fenner apresentou o Mapa Estratégico e as Bases Institucionais da fundação, bem como o contexto social ligado ao saneamento.
"Aqui na Fiocruz, os movimentos sociais trabalham na perspectiva do saneamento básico. Os principais elementos que os movimentos sociais têm abordado estão relacionados com a questão da água. A água é mais do que um elemento de consumo; é um elemento da natureza. Esse conceito de eventos essenciais está amplamente ligado à ideia de que a água é uma fonte de trabalho necessária para a reprodução da vida e também para a sobrevivência nos territórios. Por exemplo, a água é fundamental para pescadores e ribeirinhos que produzem seus alimentos nos rios e mananciais. Essa questão também se aplica aos agricultores, que necessitam da água para produzir alimentos. A perspectiva atual é que o ambiente seja um espaço de interesse, um espaço onde devemos tratar os resíduos. O campo é um espaço onde esses resíduos são depositados. Os agricultores desejam repensar toda a cadeia de produção e de resíduos".
Saneamento nas Escolas
A mesa de debates contou com a expertise de profissionais atuantes em diversas frentes da saúde ambiental. Rodrigo Resende, Oficial de Água, Saneamento e Higiene (WASH) do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), trouxe a visão global e as necessidades urgentes em saneamento, com ações de mobilização social e educação em saúde nas escolas.
"O que me parece pouco abordado no setor que é o acesso seguro aos serviços de saneamento nas escolas, o que para Unicef é um assunto essencialmente caro para se garantir o direito a educação para milhares de crianças e adolescentes no Brasil".